Moro em Brasília há um ano e meio. A cidade foi criada para os carros, e para pessoas. Estar sem carro em Brasília significa uma tremenda atrofia de mobilidade. Os táxis são caros e o transporte público deixa muito a desejar, pelo menos no que se refere ao Plano Piloto, que é um mundo fechado dentro de outro mundo cheio de problemas. Mas isto é outra coisa... A necessidade de se ter um carro é enorme e eu já chegava no limite, por mais que sempre contasse com a boa vontade de colegas e caronas. Liberdade é algo que não tem preço. Não tem? Começei a minha procura por algum carro zero Km. Logo de saída, percebi que não é fácil fechar um negócio seguro quando não se tem dinheiro disponível. Fácil de fechar o negócio, é, porém não deve ser nada fácil vencer as prestações e lidar com os juros que decorrem de uma compra sem entrada, 100% financiada. Rapidamente descobri as novidades. Já tinha simpatia pela entrada dos carros chineses no nosso mercado. Quem sabe não é uma forma eficaz de fazer com que os preços baixem e a concorrência corra para alcançar os precursores. Há uns dois meses fiz visitas de reconhecimento por várias concessionárias e a que mais me atraiu foi a Chery. Os carros ofereciam mais, muito mais do que qualquer outro nacional, e por bem menos. Meu pequeno luxo seria comprar o carro com direção hidráulica e ar condicionado, mas estes dois pequenos luxinhos custavam caro demais nas concessionárias de bandeira brasileira. Soube da chegada do QQ. Li a frase de efeito das chamadas: O mais barato do mercado. Isto já me atraiu. Ser o mais barato e oferecer o conforto dos caros é sempre atraente, pelo menos para quem procura mobilidade, praticidade e não status, em uma compra. Pesquisei, li as matérias de revistas especializadas (que sempre tendiam a comparar com o Uno Mille pelado, quando não existia nada que pudesse ser comparável nos dois carros, talvez com o intuito de proteger o mercado). Cheguei nos comentários... Claro, os comentários têm a opinião dos proprietários, imaginei... Gente que já teve contato com os carros e transmite sua experiência. Porém me deparei com críticas amargas ingenuamente fundadas em preconceito. Coisas como 'se é chinês não pode ser bom', 'carro chinês é carro de plástico', 'é tudo copiado', 'vai estragar', 'estás jogando teu dinheiro fora', e por este caminho seguia. Mais eu ouvia, mais me interessava... Eu, pacientemente, contra-argumentava, perguntando razões e não suposições. Qual é o problema do carro e mais, o principal, queria a sugestão de outro carro equivalente, pelo mesmo preço, R$24.990,00 (em Brasília tudo tem ágio, até o carro que, à 200km daqui, em Goiânia, vendem por 22.990..). Eu quero um carro concorrente que tenha ar, direção hidráulica, freio abs, trava e vidro elétrico, alarme, som com usb/mp3/aux, banco bipartido, air bag duplo, spoiler, rack , três anos de garantia e tudo que o QQ oferece. Diante disto, silêncio. Não havia nenhuma opção. Não tinham mais nada para falar. É certo que existem expectativas quando um produto é novo mas desqualificar algo exclusivamente por ser novo, vai bem de encontro com minha linha de pensamento e atitude. Comprei meu carro. Estou esperando chegar. Prometeram em até 15 dias. Em breve posto mais novidades sobre minha aposta. Meu novo QQ!
